Mulheres estão mais exigentes ao buscar fontes de informação

Pesquisa realizada por jornalistas independentes aponta que elas querem ler mais informações sobre saúde, política e carreira
Dados da pesquisa realizada por jornalistas independentes

Uma pesquisa realizada em fevereiro por um grupo de jornalistas independentes mostrou que as mulheres estão cada vez mais exigentes em relação aos portais de notícias que acessam para se informar. A pesquisa foi aplicada a mulheres de todas as regiões do País, mostrando que quase 98% costuma se informar online e que mais da metade, cerca de 59%, passa de 30 minutos a duas horas lendo notícias pela internet.

Mulheres têm dupla jornada de trabalho e por isso lhes sobra pouco tempo para a leitura.

Rosilene Santana – pedagoga

Rosilene Santana, uma das entrevistadas na pesquisa, tem 38 anos, mora na Paraíba, PB, e é pedagoga. Para ela, as mulheres estão com uma rotina cada vez mais agitada e, por isso, precisam de notícias que sejam objetivas e tragam análises sobre os fatos sob a perspectiva feminina. “Mulheres têm dupla jornada de trabalho e por isso lhes sobra pouco tempo para a leitura. É necessário que haja fontes sobre o universo feminino para que desperte o interesse pela leitura e uma visão crítica sobre seu papel de mulher nesta sociedade”, ressaltou.

Rosilene Santana é pedagoga e foi uma das entrevistadas da pesquisa – Foto: arquivo pessoal

Na pesquisa, também foi constatado que mais das entrevistadas, 61% leva em consideração a proposta editorial de um veículo de comunicação ao escolher suas fontes de notícias o que, para Rosilene, mostra a necessidade que as mulheres têm de fontes seguras de informação. “É  importante para nós, mulheres, que tenhamos certeza e confiança na fonte da leitura a que nos propomos ler”, resumiu.

O que elas querem

Em torno de 60% das mulheres pesquisadas considera que falta aos portais femininos um recorte editorial feminista. Enquanto isso, 21% não tinha ainda pensado no assunto. Diante do atual momento da economia colaborativa, 61% entrevistadas mostraram que considerariam, inclusive, apoiar financeiramente uma fonte de notícias com recorte editorial feminista.

Isabel Baptista Presidente do Sindicato das secretárias e secretários Profissionais de do estado de São Paulo
Isabel Baptista considera importante falar sobres saúde e politica – Foto: arquivo pessoal

As editorias apontadas como prioritárias pelas mulheres caso fossem escolher um novo portal para se informar foram saúde e autocuidado (79%); seguida de política (79%). De acordo com Isabel Cristina Baptista, que mora em São Paulo, SP, e respondeu a pesquisa, o resultado mostra que as mulheres estão engajadas politicamente e também estão buscando se cuidar mais.  “É importante estarmos engajadas, conscientes do papel de cidadãs e também ter um olhar para si”, afirmou. 

Outro fator que é considerado relevante para as entrevistadas é que o conteúdo tenha sido feito por mulheres e com transparência sobre quem o elaborou. “Legal saber quem está produzindo o conteúdo. Estamos mais exigentes. Creio que esteja acontecendo pois queremos mais igualdade”, pontuou Isabel, que tem 60 anos e trabalha como secretária-executiva.

Saúde em foco
Dados da pesquisa realizada por jornalistas independentes

Quando se trata da editoria de saúde, elas querem matérias sobre cuidado pessoal, cuidado íntimo, saúde lésbica e trans, autocuidado, como funciona o corpo feminino e doenças femininas, um indicativo de quanto ainda é necessário conhecer melhor suas necessidades físicas, busca pelo corpo saudável e sexualidade. 

O conteúdo também é importante na hora de decidir sobre acessar ou não um novo portal. As mulheres pesquisadas demonstram grande interesse por pautas transversais, diversidade, mulheres cis e trans, além de conteúdo LGBT+. 

Ao serem questionadas sobre suas fontes de notícias favoritas, os campeões de acesso são  UOL, G1, El País, O Globo e Mídia Ninja, apontando tanto para as preferências por portais e plataformas de conteúdo da grande mídia, mas também pela busca de uma informação com olhares diferenciados e mais diversidade.  

Em busca de inspirações

Entre os assuntos que elas mais se interessam em ver em um portal estão questões relacionadas à carreira, como oportunidades para mulheres, conteúdos sobre mulheres que venceram na vida profissional, independência financeira, mulheres que exercem profissões ‘de homens’ e liderança. 

O jornalismo do cotidiano precisa ser resgatado, conforme mostra o interesse das mulheres pesquisadas em experiências de vida, histórias de mulheres desconhecidas que fazem a diferença e histórias inspiradoras de mulheres. 

Nasce um novo portal de notícias

Os resultados da pesquisa estão contribuindo para a construção do Portal Firminas, que irá trazer uma linha editorial de recorte feminista, com dados e análises realizados apenas por mulheres. Cerca de 200 mulheres responderam à pesquisa, que poderá ser reaplicada ainda este ano, em um esforço contínuo de aprendizagem sobre as mulheres e o consumo de notícias online.

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