Fogo no parquinho: política e um pouco de acidez

Nem mesmo a escalada de óbitos provenientes da pandemia da COVID-19 reduziu o ritmo dos fatos políticos brasileiros. Enquanto pessoas morrem em leitos de hospital, outros fazem festas clandestinas; enquanto filhos ficam órfãos na pandemia, outros protestam para que o comércio não seja fechado; enquanto o Chefe do Executivo diz para deixar de mimimi, um ex-presidente leva uma mensagem de esperança às pessoas e busca articulação por mais vacinas. Eis os fatos da semana com política e umas pitadinhas de lemon pepper.

Quem mandou matar Marielle?

A voz que não quer calar continua ecoando em todos os lugares do Brasil. A pergunta continua há três anos sem resposta. Neste domingo (14), em todo o País, manifestações digitais e presenciais com respeito ao isolamento social foram vistas, com poesia, amor e luta de diversos coletivos de mulheres, movimentos sociais e, claro, com a representatividade do PSOL, partido ao qual Marielle Franco era filiada. Até quando a impunidade continuará?

Lula livre…

Na segunda-feira (8), o Ministro do STF Edson Fachin anulou as condenações do ex-presidente Lula na Operação Lava Jato. A decisão monocrática ainda terá que ser apreciada pelo Plenário, mas é o primeiro passo para desmantelar um possível esquema que teria impedido Lula de ser candidato e, consequentemente, levado Jair Bolsonaro à presidência e Sérgio Moro à cadeira de Ministro da Justiça.

Elegível…

A decisão de Fachin, na prática, devolve Lula com força ao cenário político, com possibilidade de voltar a disputar a presidência da República em 2022. Os efeitos já estão sendo sentidos.

E vacinado!

A data escolhida para Lula se vacinar, naturalmente, foi o dia 13, número do Partido dos Trabalhadores. O local, naturalmente, São Bernardo do Campo, berço do início das suas atividades políticas como sindicalista. Vamos acompanhar os próximos passos de Lula livre, elegível e vacinado!

Estratégia

Uns três meses antes de ser vacinado, Lula já vinha realizando articulações junto ao Fundo de Investimento Direto Russo (RDIF), que financiou o desenvolvimento da Sputnik V, para a venda do imunizante ao Consórcio Nordeste. A notícia veio à tona estrategicamente essa semana, após coletiva do ex-presidente sobre a anulação de suas condenações.

Efeito Lula

Dois dias após o anúncio da anulação das suas condenações, Lula fez uma coletiva que tirou o presidente Bolsonaro da zona de conforto. Falou sobre vacina, uso de máscaras, trabalho de cobertura da imprensa e repercutiu nacional e internacionalmente. Curiosamente, em coletiva realizada horas depois, toda a comitiva do presidente usava máscara, defendeu vacina e teve até Ministro da Saúde elogiando o jornalismo brasileiro.

Efeito Lula II

O Ministro da Saúde, General Pazuello, não durou uma semana depois do discurso de Lula e já derreteu. Ironicamente, alegou motivos de saúde para pedir demissão. Parece que esse filme é reprise.

Na corda bamba

Enquanto isso, Moro caminha na corda bamba, à mercê do voto do estreante Nunes Marques no STF no pedido de suspeição no julgamento de Lula, que na prática, é quando um juiz tem conflito de interesses e não poderia julgar uma causa. Vale lembrar que as condenações de Lula favoreceram totalmente Moro a longo prazo. O julgamento está empatado e Nunes Marques pediu vistas.

Bolsonaro no PMB

Que o PMB há muito tempo não representava as mulheres brasileiras, já era sabido. Mas essa semana, uma semana na qual está o Dia Internacional da Mulher, correu a notícia que Bolsonaro está estudando novamente se filiar ao Partido. A primeira tentativa foi em 2019. Segundo consta, Bolsonaro deve assumir o partido, aproveitar sua estrutura e mudá-lo de nome. O nome disso é fisiologia política.

Aborto politico

Outro que escolheu o momento perfeito (contém ironia) para abrir a boca, foi o pedetista Ciro Gomes. No Dia Internacional da Mulher, segunda-feira última (8), em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, ele chamou a ex-presidente Dilma Rousseff de “aborto político”. Volta pra Europa, Ciro. Dá preguiça de macho misógino.

Nem brincando

Em 18 de fevereiro, Lula também pisou na bola em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar. Ele afirmou que Dilma foi a pessoa mais injustiçada do País, fez vários elogios a ela e emendou: “eu sempre brinquei com a Dilma, que ela nasceu para cumprir ordens e não dar ordens, porque ela sempre teve dificuldade com o trato político”. Poxa, Lula, nem brincando, né? Não dá pra passar pano.

Comissão de… Justiça

Investigada em inquéritos do STF sobre notícias falsas e atos antidemocráticos, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) assumiu essa semana a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Nas mãos dela estará julgar a constitucionalidade das reformas política e administrativa.