Fogo no parquinho: sua coluna de política temperada com chilli

Os fatos políticos da semana, com ironia, apimentados com bastante chilli

Enquanto alguns jovens andam por aí frequentando festas clandestinas, outros estão encontrando a ressaca delas numa UTI. A nova fase da COVID-19 traz mortalidade muito mais alta entre jovens, mas parece que nem isso tem trazido um pouco de bom-senso ao frescor juvenil. Não me levem a mal, também sou jovem, mas meu juízo ainda é bom e não tenho vida de videogame nem de gato para estar gastando por aí.

Print da live

Dito isso, encontramos nosso mandatário maior da Nação, o próprio Bolsonaro, em sua live semanal, imitando uma pessoa com asfixia, em pleno auge da pandemia, pior momento vivido em todo o país desde o registro do primeiro caso, para criticar o ex-ministro Mandetta. No mesmo dia, colocando a cereja no bolo, chamou de imbecil quem cobra que a vacinação seja acelerada. Estamos ladeira acima no número de óbitos e ladeira abaixo nas políticas públicas.

Mulher, foi quase…

Bateu na trave – novamente – a possibilidade de uma Ministra da Saúde. Com o derretimento de Pazuello, a médica Ludhmila Hajjar chegou a ser cotada para o cargo, mas logo que seu nome foi ventilado e conversas davam conta de que ela recusaria, uma onda reacionária tomou conta dos apoiadores de Bolsonaro, que começaram a ameaçá-la e chegaram até mesmo a invadir seu quarto de hotel.

Não daria certo mesmo

Ludhmila teria proposto um lockdown rigoroso no Nordeste, mas Bolsonaro vetou logo de cara, porque a medida não seria popular e poderia tirá-lo do páreo em um grande colégio eleitoral do País. Ela também comentou sobre conscientização a respeito da importância da vacinação e do uso de máscara. Torceram o nariz para ela e acabou o sonho de alguém consciente no Ministério.

Escalada da morte

A médica deu entrevista para a GloboNews na qual falou sobre a gravidade do momento atual da pandemia e alertou para a escalada da morte que está em ritmo acelerado. Em sua fala, o número de mortes deve chegar a 600 mil no País. Outro cientista que apontou número semelhante foi Nicolelis, estimando 500 mil óbitos até julho. Não dá para ficar insensível diante de meio milhão de pessoas morrendo.

Ironia

Interessante a ironia. Ludhmila tratou inclusive de Pazuello durante o período em que ele esteve com COVID-19. A médica, ao contrário de Pazuello, é radicalmente contra o tratamento do vírus com cloroquina.

Ironia II

Ludhmila é diretora de tecnologia e inovação da Sociedade Brasileira de Cardiologia, a qual Marcelo Queiroga, médico que possivelmente ficará como Ministro, é presidente. O Brasil é uma vila e todos se conhecem.

Amor I love you

Print do vídeo

Bastou a médica recusar o convite de Bolsonaro para o Ministério da Saúde, eis que surgiu um vídeo da época em que Dilma Rousseff era presidente, na qual Ludhmila aparece em uma ação de humanização hospitalar cantando Amor I Love You para a ex-chefe do Executivo. A médica já está sendo chamada de petista e comunista nas redes. Esse pessoal bolsonarista saiu da 5ª série, mas a 5ª série não saiu deles.

Lula & Biden

O Brasil está vivendo o pior momento da pandemia e o que é pior, vacinando em um ritmo muito abaixo do que é capaz diante da estrutura de vacinação que já existe à disposição no País. Diante do quadro, a semana trouxe a notícia de que Lula está articulando esforços junto ao presidente dos EUA, Joe Biden, para conseguir doações de doses excedentes dos norteamericanos, para o Brasil e países mais pobres.

Carta na manga

Com a repercussão da entrevista de Lula na CNN sobre a articulação pela doação de vacinas dos EUA na última semana, o Planalto divulgou uma carta de Biden para Bolsonaro, enviada desde fevereiro, na qual o presidente dos EUA se colocou à disposição para unir esforços no combate ao coronavírus. Curioso a carta vir à tona depois do movimento de Lula. Ao que parece, ou Bolsonaro não deu muita bola para o documento ou estava guardando como moeda política.

Desconstrução moral

A deputada federal Flor de Lis alegou em sua defesa no Conselho de Ética, que está sofrendo uma “desconstrução moral”. Mais uma vez, a parlamentar chorou ao se defender das acusações de que teria mandado matar o marido. Resta saber o quanto desse choro faz parte do teatro ao longo de sua vida para a construção de uma imagem de mãe, pastora e defensora da família. Tentando dar o benefício da dúvida, mas está difícil.

Grávidas primeiro

Daniella Ribeiro, senadora pelo Progressistas, apresentou projeto de lei para tornar grávidas e puérperas grupo prioritário na vacinação contra a COVID-19. A boa é que há muitos casos registrados no mundo de mulheres grávidas que foram vacinadas e os filhos já nasceram com anticorpos. A má notícia é que os imunizantes atuais têm pouco ou nenhum estudo clínico com grávidas e puérperas. Mas a intenção é boa.

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