Para a saúde e para a autoestima: masturbação é um santo remédio

Vibradores, géis e lubrificantes são aliados – Foto: Divulgação/Secreta Sedução
Ainda tratada como tabu em pleno século 21, prática traz inúmeros benefícios para as mulheres e seus relacionamentos

Desde que o mundo é mundo, homens e mulheres se tocam em busca de prazer. Mas se a masturbação masculina é naturalizada desde a mais tenra idade, o mesmo não se observa com as mulheres, e em pleno século 21, a pratica ainda é vista como tabu na nossa sociedade extremamente machista. Para além das vantagens como conhecer o próprio corpo, masturbar-se também faz bem para a saúde, devido à liberação de endorfina no organismo quando atingimos o orgasmo e pela movimentação dos músculos da pelve, reduzindo cólicas e infecções.

Ginecologista e obstetra da Clínica Premium Life, em Santo André, Ana Paula Mondragon aponta que ao longo da história, normas culturais e religiosas fizeram com que a mulher tivesse vergonha de expor seus desejos sexuais, pois caso o fizesse era mal vista e mal falada. “Hoje em dia, com a luta pelos direitos igualitários as mulheres têm se sentido mais seguras e mais à vontade para falar sobre o sexo e o autoconhecimento do corpo”, pontua.

A especialista destaca que a masturbação feminina, embora seja uma prática ainda repleta de tabus, é um ato íntimo que pode trazer inúmeros benefícios para a saúde da mulher. “Sabe-se que o ato de se masturbar tem a capacidade de aliviar o stress através do relaxamento corporal e estímulo à produção de endorfinas, liberadas pelo orgasmo”, completa.

Ana Paula explica que se tocar é um tipo de autoconhecimento que faz a mulher aprender a ter mais prazer, o que irá melhorar inclusive a relação com seu parceiro ou parceira. Este ato tem também como benefício a prevenção de infecções vaginais, pois ao atingir o orgasmo os músculos do colo uterino se alongam, liberando o muco presente na região do colo. “As eventuais bactérias que podem estar ali localizadas são expelidas reduzindo a chance de infecções.”

A masturbação tem também a capacidade de prevenção e melhora do quadro de incontinência urinária (perda de urina). “O ato de se masturbar, associado ao orgasmo, estimula os músculos da pelve, o que ajuda a evitar o surgimento da incontinência urinária e inclusive traz uma melhora parcial dos sintomas”, detalha a médica.

Mulheres que se masturbam com alguma regularidade também podem vivenciar redução nas cólicas menstruais, pois a movimentação da musculatura da pelve a contração que ocorre no útero durante o orgasmo pode aliviar as dores. A prática também tem impacto na melhora da autoestima e da libido. “Muitas mulheres sentem vergonha do seu corpo. Se masturbar pode fazer com que ela se sinta mais à vontade, e com o passar do tempo, este autoconhecimento aumenta e a faz dona do seu prazer”, conclui Ana Paula.

Só ou bem acompanhada

Os vibradores são o companheiro perfeito para quem quer descobrir, sozinha, os prazeres que o corpo pode proporcionar. Alguns cuidados como a escolha do material são úteis. A ginecologista Ana Paula sugere os produtos fabricados com plásticos rígidos, que possam ser higienizados e que não acumulem bactérias. Usa-los com preservativos e com lubrificantes à base de água são dicas para uma prática segura. Ajudar mulheres a se descobrir tem sido a missão da fisioterapeuta Keti Garcia, que há 20 anos é consultora de produtos eróticos por meio da sua empresa, Secreta Sedução.

Keti começou esse trabalho quando percebeu que de alguma forma o mundo roubava das mulheres a beleza de uma das coisas mais importantes da vida, na sua avaliação: o sexo. “Fomos condicionados a pensar no sexo como feio, sujo, inadequado, impróprio, vulgar, entre outras características tão deturpadas que me motivam diariamente a continuar nessa área”, explica.

Da sua experiência pessoal, de ver amigas, familiares e conhecidas que cresceram negando a possibilidade de se tocar e manifestavam nojo e indignação cada vez que se falava em masturbação, Keti entende que o sexo, em nossa cultura, é visto como obrigação do falo. “Tornar o sexo uma obrigação masculina condiciona os meninos à masturbação e a meninas à negação do próprio corpo, ocasionando diversos distúrbios na fase adulta”, afirma.

A consultora pontua que o mercado erótico, ainda marginalizado, disponibiliza diversos brinquedos, cosméticos e estimulantes, que podem ser usados apenas pela mulher ou quando ela estiver acompanhada. “A masturbação, além de extremamente saudável é empoderadora, é o caminho para o autoconhecimento e para o prazer sexual, cujos benefícios são inúmeros.”

Para quem está pensando em começar, ou para quem já está habituada a se tocar, Keti dá a dica valiosa. “Se namore.” Em um momento só seu, no quarto ou no banheiro, onde seja possível desfrutar de privacidade, se toque, se sinta. “Se possível, coloque uma música que ajude seu cérebro a relaxar, tenha lubrificantes por perto e capriche no toque, se experimente! Percorra a mão pelo corpo inteiro, teste as texturas de pele, perceba as mamas, fantasie! Deixe os pré-conceitos de lado e explore a vulva, faça movimentos lentos, rápidos, rotatórios, vai e vem… divirta-se”, aconselha.

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