Fogo no parquinho: política ao forno com molho de urtiga

Como um prato que, colocado no forno encontra temperatura constante, assim segue o gráfico da COVID no país, mortes diárias em números semelhantes nos últimos dias, sem subir muito, mas também sem cair muito. Na política, as coisas continuam agitadas com alguns castelos de cartas caindo ao vento das mudanças.

Nesse cenário de constantes mortes, São Paulo anuncia que vai reabrir a economia. O mesmo Estado que vinha vacinando com agilidade, não só está perdendo o fôlego da vacinação, como também vem admitindo as aulas presenciais e vai autorizar a reabertura do comércio. Cenas do próximo capítulo da tragédia anunciada: aglomerações na 25 de março e em outros locais de grande circulação de comerciantes e consumidores. O sistema de saúde ainda em colapso.

Dilma e Lula na inauguração popular da transposição do São Francisco.
Foto: Elara Leite

Cinco anos do golpe

No último sábado (17), o golpe jurídico-político-parlamentar para tirar a primeira presidente mulher a governar o país, Dilma Roussef, completou cinco anos. Nos últimos meses, o que tem sido visto é que toda a narrativa criada para tirar o PT do poder, todas as acusações contra Lula e Dilma que criaram uma imagem de corrupção associada ao partido no imaginário coletivo estão sendo desmontadas. Pasadena, juiz ministro, aos poucos as máscaras vão caindo.

Pedaladas

Recordar é viver, por isso, é importante voltar no tempo e lembrar que a perícia do Senado não encontrou nenhum tipo de evidência que ligasse Dilma às chamadas pedaladas fiscais. E dos seis decretos a ela associados no processo de impeachment, três foram descartados como tendo relação a impactos no orçamento.

Birrento

Vale salientar, que o próprio Eduardo Cunha, em seu livro a respeito do impeachment, reconhece que se não fosse pelo PT interferindo na eleição da Câmara, ele mesmo nunca teria tocado o pedido de impeachment. Ou seja, o impeachment foi usado como moeda política e, como Dilma não aceitou recuar, sofreu o processo. A birra custou uma presidente ao País. Prova de que o impeachment foi mais uma crise de governabilidade do que a materialização de um crime propriamente dita.

Secretaria da Mulher

Na última semana, foi eleita a deputada Celina Leão (PP-DF) como coordenadora geral da Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados. A bancada feminina conta atualmente com 77 deputadas. A Secretaria existe desde 2013, com a união da Coordenadoria dos Direitos da Mulher e a Procuradoria da Mulher na Câmara.

Gravidez agora não. Foto: Freepik

Gravidez só depois

Sabe aquela gravidez que vinha sendo planejada? O Ministério da Saúde recomenda deixar para depois. A fala foi do Secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério, Raphael Parente. Na prática, ele afirma que é importante deixar essa ideia para depois que a pandemia acabar. Considerando que a gestão no Brasil vem sendo uma das piores do mundo em relação à COVID, talvez as mulheres devam até desistir de engravidar, né?

Vacinação prioritária

A notícia boa, por outro lado, é que o Ministério da Saúde está incluindo as gestantes nos grupos prioritários do Plano Nacional de Imunização. Com isso, projetos de lei que visavam essa inclusão, como o da senadora Daniela Ribeiro (PP-PB), perdem o objeto.

Afastamento do trabalho

Outra notícia boa é que as grávidas poderão ser afastadas do trabalho presencial durante a pandemia, ficando em home office à disposição da empresa. O PL sobre o assunto da deputada Perpétua Almeida (PcdoB-AL), foi aprovado no Senado e segue à sanção do presidente Jair Bolsonaro.

Em tempo

Na reta final do mês passado, a deputada Shéridan (PSDB-RR), apresentou o PL 986/21, que modifica a Lei de Planejamento Familiar, permitindo a esterilização voluntária de pessoas em vulnerabilidade social a partir dos 18 anos. No caso de mulheres casadas, não precisarão mais de aval do marido, como era anteriormente, de acordo com o texto do projeto de lei.

Eugenia

A iniciativa é interessante, mas o que não é possível entender é por que ela precisa se restringir a pessoas em vulnerabilidade social. Só pobre pode ser esterilizado, é isso? Porque se for, o nome disso é incentivo à eugenia.

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