Fogo no Parquinho: na política do governo, alcatra virou miragem

Deu saudades de comer uma alcatra gostosinha, bem preparada, né? Mas nesse governo, brasileiro tem que ficar na frente do vidro do açougue só admirando e pensando nos bons tempos que o País já viveu, quase televisão de cachorro. Ou, na versão forever alone do isolamento social, acessar o site dos frigoríficos e sonhar com aqueles cortes de picanha do churrasco. Só quem defende essa política é quem ganhou com o realce da desigualdade social.

Para onde se olha, o governo diz que a economia está se recuperando, mas na mesa do brasileiro só pão com ovo. Omelete com queijo não dá mais, porque queijo está muito caro. Carne, nem de porco e até o frango está racionado.

Mas pelo menos a CPI da COVID continua entretendo os corações da nação. Após não apenas um, mas dois Pazuello Day, fica cada vez mais claro que o castelo de cartas é sustentado por uma base de hipocrisia e mentiras, que não duram nem mesmo até o final do jornal da noite. O carro continua desgovernado e descendo a ladeira.

Senadora Kátia Abreu durante CPI da COVID. Foto: Fotos Públicas

Machismo na CPI

Começa pelo fato de que a maior CPI do País na atualidade começou sem nenhuma mulher no Senado. Depois de reivindicar esse espaço, elas puderam revezar as falas. Mas não conseguem concluir seus raciocínios sem serem interrompidas por seus colegas senadores. E quando elas se colocam de maneira mais forte, são consideradas nervosas. O velho machismo nosso de cada dia se repete todos os dias.

Paridade no Chile

O Chile dá um exemplo para o mundo como o primeiro País a ter uma Constituinte formada por homens e mulheres em paridade de vagas. Viva à revolução das irmãs feministas chilenas!

Descendo a ladeira… de moto

Enquanto milhares de brasileiros morrem de COVID toda semana, o presidente do País continua passeando por aí despreocupado como se nada estivesse acontecendo. E arrastando multidões de apoiadores por onde passa. Neste domingo (23), Bolsonaro resolveu que seria saudável sair sem máscara, passear de moto pelo Rio de Janeiro com centenas de motoqueiros apoiadores e aglomerar uma enorme plateia para acompanhar o trajeto. Isso em plena pandemia.

A dupla dinâmica ataca novamente. Foto: Fotos Públicas

Amor à pátria

Mais de mil PMs foram mobilizados para fazer a segurança do “passeio” do presidente. Como se as demais partes do Rio de Janeiro estivessem seguras e sem crimes para esse efetivo ser deslocado para uma única região. Chegando ao ponto de encontro, Bolsonaro e sua dupla dinâmica, o ex-ministro Pazuello, subiram em um carro de som onde o presidente agradeceu à direita e àqueles que defendem a Pátria. Presidente, amor à Pátria e negacionismo não estão correlacionados.

Voto impresso

Enquanto o presidente discursava, um locutor instigava a multidão gritando: “quem quer voto impresso??” Bom, para esses o TSE já avisou que, mesmo que haja a aprovação da medida, ela não será implantada. Houve três tentativas anteriores de retornar ao voto impresso no Brasil, uma revogada pelo próprio Legislativo e duas outras consideradas inconstitucionais pelo STF. Vale lembrar que o sistema de voto eletrônico brasileiro é um dos mais seguros do mundo.

Quarentena sem efeito

O presidente tem realizado uma constante campanha contra qualquer medida de isolamento social e uso de máscaras, realizando aglomerações em vários lugares do País, em total campanha antecipada para sua reeleição. Em viagens por vários locais do Brasil, ele tem participado de atividades com apoiadores e defendido que não existe comprovação científica sobre medidas de distanciamento, como fez na última semana no Maranhão.

Efeitos do isolamento

Graças a ações sistemáticas de isolamento social, o Maranhão é atualmente o Estado com a menor taxa de mortes a cada 100 mil habitantes. O distanciamento é recomendado pela OMS para evitar a disseminação do coronavírus, que se dispersa pelo ar através de aerossóis, facilitados de circular pela ausência de máscaras. Ou seja, as principais medidas não farmacológicas contra a COVID têm sido sistematicamente sabotadas pela maior autoridade do País.

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