Feminicídio: morre Néia, inspiradora do Observatório de Londrina

Dois anos após ser vitimada por uma tentativa de feminicídio, Néia não resistiu às sequelas – Foto: Divulgação

Dois anos após sofrer tentativa de feminicídio, morreu em Londrina (PR) no domingo (30 de maio) Cidnéia Aparecida Mariano, conhecida como Néia, uma mulher admirável cuja história inspirou a criação do Néias – Observatório de Feminicídios de Londrina.

Néia foi agredida pelo ex-companheiro Emerson Henrique de Souza, que a asfixiou até deixá-la inconsciente e então a abandonou em uma estrada rural no município. Desde então, ela vivia acamada, pois a tentativa de assassinato a deixou tetraplégica, sem fala e dependente de terceiros para viver. Agora, com imenso pesar, noticiamos que a tentativa de feminicídio finalmente se consumou.

Tentativa de feminicídio

As Firminas contaram a história de Néia em uma das primeiras reportagens publicadas no portal.  O assassino de Néia foi julgado no início de 2021 e condenado a 23 anos e 4 meses de reclusão por tentativa de feminicídio com todas as agravantes apresentadas na denúncia do Ministério Público: qualificação do feminicídio, motivo fútil (tentativa de separação) e meio cruel (esganadura). Nada disso, porém, ameniza a tristeza pela morte de uma mãe, filha, irmã e amiga. 

O portal Firminas também contou como a história de Néia inspirou a criação do Néias – Observatório de Feminicídios em Londrina.  A entidade emitiu uma nota de pesar pela morte de Néia, que reproduzimos como forma de solidariedade e apoio.  

Nota de pesar: Néia presente!

É com imensa tristeza que recebemos a notícia do falecimento de Cidnéia Aparecida Mariano, na noite deste domingo chuvoso, aos 35 anos. Néia vai-se muito cedo. Vai-se vítima de um sistema violento e inescrupuloso. Vai-se, sobretudo, vítima de uma sociedade omissa diante da violência contra as mulheres. 

Néia deu nome ao nosso Observatório porque fez acender em nós, militantes feministas, a necessidade da luta pelo fim da violência feminicida. Nosso Observatório nasceu do anseio de justiça por Néia e por todas aquelas que sofrem da forma mais brutal o peso do patriarcado, que ceifa e limita vidas femininas.

Hoje, com a morte de Néia, mais filhos ficam órfãos, mais uma mãe chora a morte precoce de sua filha. O feminicídio tentado contra Néia em 2019 consuma-se, simbolicamente, hoje. 

Nós, que compomos o Observatório, expressamos nossa irrestrita solidariedade à família de Néia e nosso agradecimento a todas e todos que, de diferentes formas, colaboraram para sua recuperação. 

A luta não foi em vão. A vida de Néia não foi em vão. Seguimos firmes e renovamos nosso propósito de luta, pela memória de Néia e pela vida de todas as mulheres.

Néia presente! (1985-2021)

Conheça o Néias – Observatório de Feminicídios de Londrina

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