Fogo no Parquinho: meio milhão de mortos, política amarga de saúde

Meio milhão de brasileiros e brasileiras morreram de COVID-19 desde o início da pandemia. Essa é a política de saúde brasileira. Não existe comida amarga suficiente para fazer uma comparação com o sabor doloroso de ter que mastigar essa realidade. Não existe nada antiácido que faça passar a gastura das mães e dos pais que perderam seus filhos, dos filhos que perderam seus pais e suas mães. E o sal que tempera todas as lágrimas roladas desde 2020, por quem perdeu alguém?

A dor é grande. E parece que, para muitos, foi preciso naturalizar, abraçar a miséria que a realidade se tornou e ir à luta. Alguns reabrindo seus comércios, outros forçosamente a procurar uma ocupação diante de um auxílio emergencial que mal faz uma feira. Cada um encontrando seu caminho e enfrentando a realidade todos os dias. Será esse o tal “novo normal”?

Alguns dos comentários no post da foto da deputada Cida Ramos. Imagem: print de rede social

Protestos

A vacinação ainda se encontra em ritmo abaixo do ideal para dar segurança à população brasileira de retorno adequado às atividades. Mas o tempo urge em mostrar ao mundo a indignação diante da política negacionista do governo federal na condução da pandemia. Por isso, em todo o País, manifestações estão sendo realizadas por mais vacinas e contra a maneira que tem sido direcionada, no Brasil, a maior crise sanitária mundial.

Preconceito

Cida Ramos (PSB-PB), deputada estadual paraibana, foi vítima de preconceito nas redes sociais durante sua participação no protesto contra o presidente Jair Bolsonaro no último sábado (19). Um repórter policial publicou no Instagram dele uma foto da deputada no protesto e os comentários reacionários foram agressivos em relação à sua deficiência (Cida Ramos é muletante).

Preconceito II

Em um dos comentários no perfil do Instagram do repórter policial, o usuário dizia que queria dar uma rasteira na deputada, outro dizia que “essa peste quando pega o ônibus quer que a pessoa dê a cadeira a ela e agora aí no protesto tá pulando de um pé só”. Entre outros comentários pejorativos. Preconceito é crime e nenhum crime pode ser cometido em nome da liberdade de expressão.

Microfone no bolso

O PL 3262/19, que trata do ensino domiciliar no Brasil, foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados no dia 10 de junho. A deputada Luísa Canziani (PTB-PR) é a relatora do projeto. Segundo informações do UOL, a parlamentar estava contribuindo com uma reportagem do Profissão Repórter, da Globo e, por isso, em reunião na última semana com o Ministro da Educação e outros parlamentares, portava um microfone no bolso.

Microfone no bolso II

Durante a reunião, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ), começou a transmitir em suas redes sociais e abordou a deputada, alertando a todos que ela estaria gravando o encontro. A reunião foi cancelada. O PTB ameaça expulsar a deputada, que se defendeu afirmando que não sabe o objetivo dessa “cortina de fumaça”. Ela pediu respeito ao seu trabalho como deputada.

Misoginia

A médica Nise Yamaguchi está processando o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM) e contra o senador Otto Alencar (PSD-BA), por misoginia e humilhação durante seu depoimento na comissão. Ela pede indenização de R$ 320 mil. Em resposta, Omar Aziz disse que ela mentiu na CPI e que passou da condição de depoente a investigada.

Emenda pior do que o soneto

O presidente da Argentina, Alberto Fernandéz pisou na bola ao dizer, em evento recente, que os brasileiros saíram da selva e os argentinos chegaram de barcos. A declaração, letra de uma música argentina da década de 1980, foi usada pelo presidente para reforçar a origem europeia dos argentinos. Porém, repercutiu mal no Brasil.

Vários memes surgiram na internet em resposta à declaração de Fernandéz. Imagem: divulgação

Emenda pior II

Em carta enviada a órgão do governo argentino de combate ao racismo, o presidente diz que lamenta se ofendeu alguém, mas continuou justificando que os argentinos têm origem europeia muito próxima, por ter sido um dos países que mais recebeu imigrantes da Europa. E o que isso faz a Argentina melhor? Ou dá aos argentinos o direito de referir-se aos hermanos brasileiros como selvagens – aqueles que vieram da selva?

Emenda pior III

A cereja do bolo foi o presidente Fernandéz justificar que se referia a trecho da obra do poeta Octavio Paz, Nobel de Literatura. Enfim, o presidente argentino nem sequer sabia a que obra estava se referindo, no final das contas.