Fogo no Parquinho: na política, não confunda Al Capone com mascarpone

Al Capone. Foto: PNG grátis

Mascarpone e Al Capone são duas coisas que rimam, mas completamente diferentes. Na última semana, na política brasileira, vimos muita gente confundindo as duas coisas, achando que o presidente, mesmo ciente dos fatos, apenas “demorou um pouco”, para abrir o inquérito sobre as irregularidades da compra da Covaxin. Enquanto ele demorava, a questão veio à tona. Só que o nome disso não é demorar, é prevaricar.

A definição do artigo 319 do Código Penal é clara: “Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”.

Portanto, se você não tem Al Capone de estimação, é melhor parar de fingir que tudo não passa de um bolo coberto de marcarpone.

Panama Papers from Brazil

O Intercept foi até o escritório da Madison Biotech, uma empresa intermediária na compra da vacina indiana Covaxin, suspeita de participação no esquema de compra de doses superfaturadas do imunizante. Chegando lá, mais precisamente em Singapura, encontraram um escritório virtual, semelhante aos que se registram endereços fiscais no Brasil. Não tinha nenhum representante da empresa no local.

A pergunta de R$ 45 milhões. Imagem: print de video

A Lavanderia

Sim, essa lavanderia tem nome maiúsculo, é título de filme do Netflix. Para quem não viu ainda, a coluna Fogo no Parquinho recomenda assistir A Lavanderia. Qualquer semelhança do filme baseado no caso Panama Papers e a situação brasileira atual pode ser apenas coincidência. Talvez a arte imite a vida e a vida imite a arte afinal. E o filme? É com a Meryl Streep.

Andréa quer depor

O ex-ministro da saúde Eduardo Pazuello deve estar suando frio com a possibilidade de sua ex-esposa depor durante a CPI da COVID-19. A Revista Fórum divulgou foto na qual Andréa Barbosa aparece com tema de redes sociais “Mulheres contra Bolsonaro”. Ela teria enviado um e-mail solicitando ser ouvida durante os trabalhos da comissão.

Arrancando verdades

A Senadora Simone Tebet (MDB-MS) teve papel central na CPI da COVID, na sexta-feira última (25), quando ao pressionar o deputado Luis Miranda (DEM-DF), fez com que ele dissesse o nome do parlamentar envolvido no esquema fraudulento de compra da vacina indiana Covaxin. O parlamentar é Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara.

O que ele disse

“Foi o Ricardo Barros, foi o nome do Ricardo Barros. Não me sinto pressionado para a falar, queria ter dito desde o primeiro momento, mas é porque vocês não sabem o que eu vou passar. Apontar um presidente da República que todo mundo defende como uma pessoa correta, honesta, que sabe que tem algo errado… Ele sabe o nome, sabe quem é e ele não faz nada por medo da pressão que pode levar do outro lado. Que presidente é esse que tem medo de pressão de quem tá fazendo errado?”, questionou Luis Miranda.

Racismo

Entidades elaboraram uma nota de repúdio à tentativa de intimidação do presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira, que interpelou judicialmente a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) após ela classificar fala do parlamentar como racista.

Deputada federal Talíria Petrone. Imagem: print de vídeo

Racismo II

Em sessão na Câmara dos Deputados na quarta-feira última (23), o deputado federal Arthur Lira classificou a ação de grupos indígenas que estão protestando contra as mudanças do Estatuto do Indígena de maneira pejorativa, acusando-os de usar drogas, fumarem e “dançarem” na Casa do Povo. Talíria afirmou que a fala do deputado é racista e desrespeita os costumes e rituais indígenas.

Racismo III

“É a expressão clássica do racismo e o etnocentrismo anti-indígena do país, que os trata como incivilizados, insolentes, desordeiros. Se não chamasse de racismo, chamaria de quê? Pois bem, precisamos falar de racismo em um país que nunca foi capaz de superar a herança colonial e escravocrata, que o número de mortes violentas é também um retrato da desigualdade racial no país, em que 71,5% das pessoas assassinadas são negras ou pardas, com baixa escolaridade e não possuem o ensino fundamental concluído”, diz trecho da nota de repúdio.

Reforma política

Enquanto o País se debate em mortes por COVID e nos crimes denunciados pela CPI, a reforma política avança no Congresso Nacional. Entre os itens que têm levantado a preocupação de entidades de mulheres, estão as mudanças de cotas de candidaturas femininas e divisão de tempo no guia de rádio e TV.

Reforma política II

O Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos emitiu nota ressaltando que os avanços da legislação fizeram com que o número de parlamentares mulheres subisse de 51 para 77 mandatos, aumento de 50% da representação na Câmara Federal. “Entretanto, este número de representantes eleitas ainda não reflete o fato de as mulheres serem a maioria da população e maioria do eleitorado, quase metade das filiadas aos partidos”, pondera o texto.

Reforma política III

Há mais de 15 anos atuando no Brasil, o Fórum afirma que não irá aceitar nenhum retrocesso nos direitos já garantidos para fomento da participação da mulher na política e nos espaços de poder, “direitos esses que foram conquistados com muito diálogo e luta conjunta”, conforme palavras da nota.

Quebra de decoro

No Brasil, definitivamente quebra de decoro é mato. Na última semana, foi possível presenciar a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) chamando o senador Omar Aziz (PSD-AM) de bunda gorda. Do outro lado, Aziz disse que mulher não se deve agredir e ofereceu uma música para Zambelli em seu Twitter: Te amo espanhola.

Quebra de decoro II

O que parece uma saída elegante e divertida do senador nas redes sociais, na verdade tem uma indireta ofensiva e machista, já que corre nos bastidores boatos de que Zambelli teria sido prostituta durante a temporada em que morou na Europa. Ela não se fez de rogada: disse que se tivesse sido prostituta, não teria nada a esconder, mas acrescentou que não é esse o caso, que trabalhou como gerente de projetos e consultora em empresas privadas durante esse período.