Fogo no parquinho: passou junho, mas ainda tem pamonha por aí

O mês de junho passou, com todas as comidas de milho, mas na política brasileira sobraram por aí algumas pessoas, principalmente no governo, que estão fazendo cara de pamonha mal costurada para tentar explicar o inexplicável e defender o indefensável. É, essa pamonha aí tá azeda, gente. E já tem quem passe mal com isso.

A denúncia de prevaricação já está em análise no STF, cada vez mais indícios se mostram de uma corrupção endêmica e profunda instalada e para a qual o presidente Jair Bolsonaro, ao que tudo indica, vinha fazendo vista grossa. O esquemão é US$ 1 dólar por dose de vacina negociada, afinal, 2022 está vindo aí, né? Quem vai pagar a conta da campanha? Mas isso é só uma suposição. Continuamos assistindo enquanto pega fogo no parquinho.

Manifestações em todo o País. Foto: Divulgação

Nas ruas

As mobilizações contra o governo Bolsonaro estão cada vez maiores e mais frequentes. Não importa quantas motociatas façam volume com apoiadores do presidente, não dá para ignorar o mar de pessoas que está indo para as ruas contra a atual gestão do Executivo brasileiro, tentando manter o distanciamento e usando máscaras, mas firme e aumentando em número.

Super pedido de impeachment

Na última semana deu o que falar o super pedido de impeachment protocolado contra o presidente Jair Bolsonaro. O dossiê de 271 páginas aponta 23 crimes de responsabilidade do chefe do Executivo brasileiro e foi elaborado pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD). São 46 assinaturas, incluindo nomes de deputados que vão desde Joice Hasselmann (PSL-SP) a Gleisi Hoffmann (PT-RS).

Joice Hasselmann

Joice Hasselmann é ex-aliada do presidente e assinou o pedido dizendo que não titubeou em nenhum momento na hora de se tornar signatária do documento a pedido do deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ). Ela classificou Bolsonaro como genocida e afirmou que ele atacou todas as instituições brasileiras e desmoralizou o Exército.

Gleisi Hoffmann

Do outro lado do espectro político, Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, apontou que o governo está apodrecendo e carcomido. Gleisi agradeceu aos parlamentares, partidos políticos, entidades da sociedade civil, movimentos sociais, entidades religiosas, artistas e demais pessoas que contribuíram para a realização do pedido de impeachment.

Vai para o bolo

O dossiê se junta aos demais 116 pedidos de afastamento do presidente de suas funções na Câmara dos Deputados. Cabe ao presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL), colocar o pedido de impeachment na pauta. Vale lembrar que o deputado é um conhecido defensor do governo. E que os pedidos anteriores foram herdados do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), ex-presidente da Câmara.

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Governador gay

Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul pelo PSDB assumiu publicamente na última semana que é gay. Curioso ele assumir que é gay faltando pouco mais de um ano para a campanha eleitoral à presidência de 2022 quanto a direita procura desesperadamente por uma opção para a chamada “terceira via”. Assim ele se livra de vários problemas como o inconveniente de sua orientação sexual ser usada contra ele na próxima campanha e ainda pode usar isso a seu favor junto ao público LGBTQIA+ alinhado à direita.

Tweet de Fátima Bezerra. Foto: print de redes sociais

Governadora lésbica

Por outro lado, o Brasil conta com uma governadora assumidamente lésbica há anos no Rio Grande do Norte. Fátima Bezerra (PT-RN), educadamente se solidarizou ao governador do Rio Grande do Sul no Twitter na última semana e reafirmou sua militância na causa LGBTQIA+. Por que será que Fátima não causou tanto barulho? Por ser de esquerda? Por ser PT? Será pelo fato de que ser lésbica só tem espaço nas fantasias masculinas? Talvez por tudo isso.

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Damares na pauta

As mulheres não têm sossego nesse governo. Nem mesmo as que apoiam esse governo. Na última semana, a Ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, foi vítima do fogo amigo que espalhou fofocas sobre sua vida particular, alegando que supostamente teria um affair com homem casado e que “destruiu a família” do rapaz. Aí tem fritura rolando. Alguém quer a cabeça da Damares.

Violência política contra a mulher

Foi lançada na última semana a campanha A democracia precisa de diversas vozes, pela Frente Parlamentar Feminista Antirracista com Participação Popular. O objetivo é dar visibilidade à questão da violência política de gênero e raça contra as mulheres que estão nos espaços de poder e decisão.

Chovendo no molhado

O Senado aprovou projeto de lei que torna a violência psicológica crime. Agora o projeto aguarda a sanção do presidente Jair Bolsonaro, que tem prazo de 15 dias para ocorrer. Vale salientar que a violência psicológica já é considerada crime na Lei Maria da Penha.

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