Agosto Dourado: campanha destaca benefícios da amamentação para mães e bebês

No mês que chama a atenção para a importância da amamentação, obstetra desfaz mitos e orienta lactantes de primeira viagem

Mariana Rosário no Agosto Dourado: não existe evidência científica de que o coronavírus seja transmitido no leite materno
Mariana Rosário: não existe evidência científica de que o coronavírus seja transmitido no leite materno – Foto: Divulgação

Agosto Dourado é o termo utilizado para chamar a atenção para a importância da amamentação. Os benefícios do leite materno para a mãe e o bebê têm sido amplamente divulgados através de campanhas em todas as mídias, mas ainda assim algumas mulheres não conseguem amamentar seus filhos.

De acordo com a obstetra Mariana Rosario, isso acontece com muitas mulheres enfrentam medo da dor, despreparo ou até falta de apoio familiar. “Amamentar não é fácil. É demorado, pode machucar se a pega do bebê for incorreta, acontece muitas vezes ao dia e, quando a criança dorme, a mulher precisa de descanso. Se ela não tiver uma rede de apoio familiar, até se adaptar completamente, não conseguirá levar o processo adiante”, alerta.

Diferentemente do que muitos acreditam, amamentar não é algo tão natural. O bebê não nasce sabendo mamar e a mãe também não consegue amamentar sem treino. “Não podemos deduzir que será fácil para todo mundo. Por isso, existem profissionais que ensinam, acompanham, ajudam”, observa a médica.

Para a profissional, o importante é a criança ser nutrida com o leite materno, que continua sendo o melhor alimento do mundo, por ser completo, não havendo necessidade de absolutamente nada para sustentar o bebê de até seis meses de vida – nem de água. Além disso, por ser repleto de anticorpos, fundamentais para a saúde e a resistência do bebê a doenças, é fundamental que a criança o receba, como única fonte de alimento, até essa idade.

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Muitas mulheres relatam o bem-estar imenso que sentem ao amamentar, porque o vínculo criado entre a mãe e o bebê é insubstituível
Muitas mulheres relatam o bem-estar imenso que sentem ao amamentar, porque o vínculo criado entre a mãe e o bebê é insubstituível – Foto: Dominika Rosiclay

Durante o puerpério e após esses 45 dias, na amamentação, Mariana fala que é importante se fazer um ajuste suplementar para que a mulher continue amamentando, dando ao seu organismo todas as condições necessárias para esse importante momento. Também é preciso estar relaxada, porque o estresse impede a liberação do hormônio prolactina, responsável pela lactação.

“Atualmente, é praticamente impossível que uma mulher amamente adequadamente sem estar suplementada, porque não conseguimos adquirir, apenas pela alimentação, todos os nutrientes necessários para uma boa saúde. Para produzir o leite, o organismo pode esgotar o corpo da mulher, de forma a deixá-la fraca. Mas, é possível observar que mesmo as mulheres subnutridas conseguem amamentar – o que é algo prejudicial à saúde delas, porque não são bem alimentadas e suplementadas”, alerta.

Sobre o mito do “leite fraco”, a obstetra explica que há duas situações que levam a esse entendimento errôneo. A primeira é que a produção do leite materno pode ser pouca para saciar a fome do bebê – e, então, a mãe acredite que seu leite seja pouco. A segunda é que o bebê não consiga mamar adequadamente e, por isso, chore de fome, já que não se alimentou corretamente.

Coronavírus X amamentação: há risco para o bebê?

De acordo com Mariana, não existe nenhuma evidência científica de que o coronavírus seja transmitido no leite materno. Portanto, mães que não estão infectadas com o coronavírus podem amamentar tranquilamente, sem restrições. E devem manter-se em casa, porque estão com imunidade mais baixa, assim como seus bebês.

Já aquelas infectadas com o coronavírus, com ou sem sintomas, devem isolar-se do bebê, deixando-o aos cuidados de outras pessoas. Elas podem fazer a ordenha (retirada do leite) para que seja servido à criança em mamadeira, pela pessoa que estiver cuidando do bebê. Caso sintam medo de contaminação, podem recorrer a um banco de leite humano, se desejarem, mantendo a alimentação da criança exclusivamente por leite humano.

Agosto Dourado: a importância do aleitamento materno

Amamentar reduz em 13% a probabilidade de sobrepeso e/ou obesidade e também a uma queda de 35% na incidência do diabetes tipo 2 - Foto: Freepik
Amamentar reduz em 13% a probabilidade de sobrepeso e/ou obesidade e também a uma queda de 35% na incidência do diabetes tipo 2 – Foto: Freepik

Segundo recente pesquisa divulgada no periódico “The Lancet”, a amamentação está associada a uma redução de 13% na probabilidade de ocorrência do sobrepeso e/ou obesidade e também a uma queda de 35% na incidência do diabetes tipo 2. Além disso, o leite materno contribui para um aumento médio de três pontos no quociente de inteligência (QI).

Outra evidência científica mostra que crianças amamentadas por um período superior a 12 meses em áreas urbanas do Brasil completaram um ano a mais de atividades educacionais em comparação com as amamentadas por menos de 12 meses. Ambas as conclusões indicam que o aleitamento contribui com o cumprimento do ODS 4 (Qualidade na educação). Esses e outros dados demonstram a importância do aleitamento na infância e os efeitos que esse ato gera ao longo da vida.

Dicas para uma amamentação tranquila

Crianças amamentadas por um período superior a 12 meses em áreas urbanas do Brasil completaram um ano a mais de atividades educacionais - Foto: Mehmet Turgut Kirkgoz
Crianças amamentadas por um período superior a 12 meses em áreas urbanas do Brasil completaram um ano a mais de atividades educacionais – Foto: Mehmet Turgut Kirkgoz

É comum que, nos primeiros dias, os bebês não peguem o peito – e as mães se desesperem. Mas eles estarão no hospital, acompanhados pela equipe médica, e nada de ruim acontecerá. É o melhor momento para que se tente amamentar, acompanhada pela equipe de enfermagem e com todo o apoio.

Em casa, também não se deve desistir, porque o recém-nascido tem instinto de sobrevivência e precisa se alimentar. É hora de tentar alimentá-lo, primeiro com a mama, seguindo para fórmula apenas depois de tentar a amamentação, e com orientação do pediatra.

Dependendo do jeito que o bebê pega o peito, pode causar rachadura. Por isso, é fundamental seguir as orientações da equipe de enfermagem e do obstetra. Também existem pomadas específicas para tratamento, que devem ser usadas apenas após o nascimento do bebê.

Existem bicos de silicone e outros utensílios para ajudar as mães na amamentação. É o estímulo do sugar do bebê, entretanto, que fará com que o leite desça e que a produção seja contínua. Por isso, não se deve desistir – mas, também não se pode deixar a criança mamar quando o peito estiver machucado, porque a situação pode piorar. Por isso, quando houver qualquer problema, deve-se procurar pela orientação médica.

Algumas mulheres temem que, após a licença-maternidade, seja muito difícil para o bebê ficar sem o leite materno e ele sofra. Porém, é melhor ele ser amamentado pelo maior tempo possível, com exclusividade, do que não ter nenhum período disponível desse alimento, tão precioso. Então, analisando friamente, mesmo que a mulher não consiga seis meses de licença, é preferível amamentar o bebê com exclusividade por quatro meses do que em nenhum momento.

É importante lembrar que a amamentação também faz bem para a mãe, porque permite que o útero volte ao tamanho normal rapidamente, previne a anemia materna, já que reduz o sangramento, e ainda previne o risco de câncer de mama e de ovário, além de ajudar na manutenção do peso corporal.

Cuidados com as mamas antes do nascimento

Durante a gestação é possível preparar as mamas para a amamentação. Esfolie, durante o banho, o bico do peito, com uma bucha vegetal comum, para que o bico vá se formando.

Tome sol no peito, sem roupa, pela manhã, diariamente (até às 10h), para que a pele fique mais forte. O mamilo pode ser estimulado com a mão, para que vá se formando. Mas, antes do parto, nunca se deve usar pomadas emolientes.

Prepare-se psicologicamente para a amamentação. Trata-se de um ato de amor e muitas mulheres relatam o bem-estar imenso que sentem ao amamentar, porque o vínculo que é criado entre a mãe e o bebê é ímpar, insubstituível.

(Com informações da assessoria de imprensa)