Pelo sonho da paternidade, homem trans gestou o próprio filho

Rodrigo Bryan da Silva deu à luz a pequena Isabella Victória em abril deste ano; casal divulgou todos os momentos nas redes sociais 

Pelo sonho da paternidade, homem trans gestou o próprio filho
Rodrigo e Ellen no parto da pequena Isabella Victória – foto: arquivo pessoal

O digital influencer e youtuber Rodrigo Bryan da Silva mora em Montes Claros, Minas Gerais. Aos 33 anos, ele acaba de realizar o sonho de ser pai, com o nascimento da pequena Isabella Victória, que completou quatro meses. O que difere Rodrigo de muitos pais que celebram neste domingo o seu dia é o fato de que foi ele quem gestou sua filha. O jovem é transgênero (pessoas que não se identificam com o gênero biológico atribuído ao nascer), assim como a esposa Ellen Carine Martins da Silva, 26. 

Os dois usam o canal @gestacaotrans para falar sobre a causa das pessoas transgênero e tornaram públicos todos os momentos da gestação. Para Rodrigo, essa foi uma forma de abrir as portas para outros casais trans que também desejam ter filhos. “A gente foi o primeiro casal trans a ter um filho biológico no norte de Minas”, afirmou o influencer. “Resolvemos expor (a gestação) para levarmos mais informações para as pessoas e aproveitar as redes sociais para quebrar tabus”, completou.

Pelo sonho da paternidade, homem trans gestou o próprio filho
Gestação ocorreu apenas com suspensão do hormônio de adequação de gênero – foto: arquivo pessoal

A gestação ocorreu sem nenhum tipo de tratamento, apenas com a suspensão dos hormônios que o casal já tomava para adequação de gênero. Como já tinha se submetido à mastectomia (retirada das mamas), Rodrigo não pôde amamentar a filha, que nasceu de parto normal, às 39 semanas de gestação. 

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Sonho de ser pai

O jovem contou que sempre teve o sonho de ser pai, até para suprir a sua própria experiência de ter crescido sem a figura paterna. Mas a decisão de gestar seu filho só veio quando conheceu a esposa. Até então, nos seus relacionamentos com mulheres cisgêneras, sempre pensou na possibilidade de que elas fossem gestar ou que o casal pudesse recorrer à adoção.

Se as redes sociais são um canal de informação, também se mostraram um veículo para o preconceito. Rodrigo e Ellen foram alvos de ataques de ódio, devido à decisão de terem um filho. “Fiquei muito triste com comentários maldosos e horríveis em um momento tão lindo que a gente estava passando, que era minha gestação”, afirmou. 

O casal pretende ter mais filhos em um futuro próximo, mas no momento, curtem a bebê recém-chegada, adaptando a rotina da família. Para quem assim como Rodrigo sonha em ter um filho, e quem sabe até passar pela experiência da gestação, ele deixa palavras de incentivo e encorajamento. 

“Não vai ser fácil, pois ainda somos minoria, mas não devemos desistir dos nossos sonhos de ter nossa família por causa das pessoas”, declarou. “É uma sensação tão gratificante que no final valeu muito a pena ter vencido várias barreiras. Homens trans podem engravidar sim, temos o direito de construir nossas famílias e se alguém não concordar, apenas respeite”, concluiu.