Em meio a homens, técnica se destaca no basquete sobre rodas
Há quatro anos comandando o time de basquete sobre rodas de Piracicaba (SP), a técnica Cristiane fala sobre seu trabalho e a participação do Brasil nas Paraolimpíadas de Tóquio 2021
Num meio predominantemente masculino, ela se destaca e impõe respeito há quatro anos dentro da equipe de basquete sobre rodas da AAPP (Associação dos Amigos e Paradesportistas de Piracicaba), no interior paulista. Aos 44 anos, Cristiane Bonilha Boreggio Antonelli, mestra em Ciências do Movimento Humano pela Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), é hoje uma referência dentro da sua área.
Trabalhando com paratletas desde 1993, ela se interessou pelo basquete em cadeira de rodas na faculdade ainda, quando estudava na Universidade Presbiteriana Mackenzie, na capital paulista. “Conheci esse esporte na faculdade, através de um projeto de extensão, e desde então nunca mais sai da modalidade. Hoje sou duas vezes eleita a melhor técnica do Brasil, em 2018 do BCR feminino e em 2019 do BCR masculino. Essa é minha maior conquista, como resultado após anos de trabalho”, orgulha-se. Além dos títulos, Cristiane também atuou como técnica do Brasil no Mundial de Hamburgo de 2019.
Casada com Marcelo Antonelli, sem filhos, a técnica afirma que sempre teve apoio da família para dedicar-se ao esporte, principalmente da mãe e do marido. “Eles foram meus principais incentivadores e não me deixaram desistir em momentos difíceis de preconceito e machistas”, afirma. “Estar num meio predominantemente masculino é uma luta diária e constante! Muito difícil realmente, e ainda hoje sou uma das poucas mulheres atuantes”, lamenta.
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A presença do Brasil em Tóquio
Infelizmente o basquete sobre rodas do Brasil não conquistou vaga para estar nas Paraolimpíadas de Tóquio que se iniciam hoje, mas ainda assim Cristiane vê com bons olhos a participação do país nos jogos. “O Brasil é muito forte nos esportes paraolímpicos. Vejo isso como resultado dos atletas e dos profissionais envolvidos, que apesar de serem poucos, são todos muito qualificados e capacitados na sua área de atuação”, afirma. “Além disso, a criação do Centro Paralímpico Brasileiro veio como um fator primordial para o crescimento das modalidades. Vejo hoje o país com bons investimentos na área, mas é claro que sempre pode ter mais”, finaliza.