Fogo no parquinho: política crocante ao forno

Mulher segura cartaz em manifestação contra Bolsonaro
Manifestações contra o presidente estão maiores e mais frequentes. Fonte: Divulgação

Só quem já comeu chips de batata-doce bem crocante sabe o estalo que faz na boca quando se mastiga. A política, na última semana foi bem assim: um estalo atrás do outro, seguido por mais de 300 atos Fora, Bolsonaro no sábado (2/10).

            Além dos fatos políticos, a última semana também surpreendeu com tempestades de areia no Sudeste, milhões de despreocupados sem ter tomado a segunda dose de vacina e a crise econômica do País.

Fora, Bolsonaro!

            Em todo o País, milhares de pessoas foram às ruas no último sábado (2/10), com cartazes e faixas denunciando a alta inflação, as centenas de milhares de mortos durante a pandemia, o desemprego e a falta de perspectiva econômica brasileira. Todas as bandeiras, ao final, deságuam no Fora, Bolsonaro!

Quem semeia vento…

            A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) garantiu que não houve qualquer orientação do partido em relação à tentativa de agressão que Ciro Gomes (PDT-CE) sofreu durante ato no último sábado (2/10), na Avenida Paulista, em São Paulo. Pedaços de madeira foram atirados contra o carro do pedetista e tentaram arremessar uma garrafa contra o político, que também foi vaiado enquanto discursava no ato.

…colhe tempestade

            Gleisi afirma que o PT vem tentando construir um clima de unidade e convergência na tentativa de unir a esquerda em prol do objetivo comum de derrotar Bolsonaro. No entanto, apesar de nenhuma agressão ser justificável, a incitação contra o PT tem sido uma constante de Ciro desde… sempre.

Perplexa

            A Ministra do STF Rosa Weber pediu que a PGR revise o parecer no qual recomenda que o pedido de investigação de conduta do presidente Jair Bolsonaro seja arquivado. No texto, a ministra afirma que o motivo do pedido de arquivamento gera perplexidade. O pedido de investigação questiona a conduta do presidente em não usar máscara em eventos públicos e instigar aglomerações.

Negacionista

            A solicitação de arquivamento da Subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, se baseia no fato de que não é crime andar sem máscara e que, por si só, não é possível afirmar que andar sem o equipamento deixa de impedir a propagação da COVID-19. A interpretação da Subprocuradora, no entanto, não tem caráter científico, uma vez que existem vários estudos que comprovam a eficácia do uso de máscaras na proteção contra o vírus.

Enquanto isso, na Alemanha

            O Partido da Social-Democracia (PSD), de centro-esquerda, ganhou as eleições alemãs, após longo período sem conseguir ter um resultado vitorioso. Mesmo com a aprovação de cerca de 80% da então chanceler Ângela Merkel, o partido União Democrata-Cristã (CDU) não conseguiu alcançar o melhor resultado. Mesmo assim, a divisão de votos entre os partidos alemães está motivando a construção de um governo de coalizão, para manter a governabilidade.

Quatro mandatos  

            Ângela Merkel passou quatro mandatos como chanceler alemã. Ao longo de dezesseis anos, se consolidou como uma das líderes mais proeminentes internacionalmente, especialmente no que diz respeito a políticas migratórias.

E na Islândia

            Por pouco as mulheres não se tornaram maioria no Parlamento islandês. Por algumas horas, inclusive, isso foi realidade, até ser realizada uma nova contagem nos votos e mostrar que elas não conseguiram levar mais da metade das cadeiras parlamentares. No entanto, o percentual ainda é maior do que o da Suécia, de 47% que era o País com maior número de mulheres no parlamento.

Como é no mundo

            Apenas Ruanda, Cuba e Nicarágua têm atualmente maioria de mulheres em seus parlamentos. A paridade de gênero foi alcançada no México e Emirados Árabes Unidos. No Brasil, 16,1% dos vereadores eleitos na última eleição foram mulheres; 12% dos prefeitos eleitos foram do gênero feminino; no Legislativo, o percentual é de 15%.

Violência contra a mulher

            Foi aprovada pelo Senado, na última semana, a criação da Política Nacional de Informações Estatísticas Relacionadas à Violência contra a Mulher (Pnainfo). O projeto teve relatoria da Senadora Daniella Ribeiro (PP-PB). O objetivo é disponibilizar uma base de dados com a integração das informações dos órgão de atendimento à mulher em situação de violência nos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Foi péssimo

            O governador da Paraíba, João Azevedo, derrubou na Justiça uma lei aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado, em 2019, que exigia que mulheres vítimas de violência fossem atendidas nas delegacias especializadas por outras profissionais do gênero feminino. Machismo que chama, né? Afinal, é perceptível que uma mulher fragilizada, normalmente por uma violência de outro homem, ao ser atendida por um profissional do gênero masculino, dificilmente será adequadamente acolhida em sua queixa.

Aborto legal no Chile

 
            Na última semana, por 75 votos a 68, a Câmara dos Deputados do Chile aprovou projeto de descriminalização do aborto até 14 semanas de gestação. Essa é uma reivindicação do movimento de mulheres em diversos países, uma vez que abortos clandestinos são responsáveis por milhares de mortes femininas por ano, em diversos locais do mundo. O projeto segue para o Senado chileno.