Mulheres que inspiram: defensora do naturalismo que lutou pela liberdade, 105 anos de Luz Del Fuego

Uma artista com ideias e atitudes transformadoras que agiu contra os preconceitos sociais e pela causa feminista

Suas apresentações tinham a presença de jiboias / Crédito: Jean Manzon para Revista O Cruzeiro, 1946

Em uma segunda-feira de Carnaval, há 105 anos, na cidade de Cachoeiro de Itapemirim nascia Luz Del Fuego. Filha de em uma tradicional família de políticos, rompeu padrões da época. Foi artista, feminista, vanguarda, naturista e revolucionária. Idealizou, escreveu e fez espetáculos como Tudo é Brasil, Cutuca Por Baixo, Festival de Danças Brasileiras, Eva no Paraíso,  Balança Mas Não Cai, A Fruta de Eva (O Nu Através dos Tempos), Verdade Nua, entre outras.

Foi a primeira atriz no país a aparecer nua em um palco. Suas apresentações seminua com uma ou às vezes duas cobras jiboias enroladas em seu corpo nos teatros e circos causavam furor. Junto com o sucesso sofreu repressão, com perseguições por parte da censura e da polícia.

Foi a primeira atriz no Brasil a aparecer nua em um palco / Crédito: Jean Manzon para Revista O Cruzeiro, 1946

Enfrentou o preconceito,  lutou pela emancipação feminina e defendeu a liberdade religiosa. Tentou fundar o “Partido Naturalista Brasileiro”, cujo slogan era “Menos roupa e mais pão. Nosso lema é ação”. Já nos anos 50 ela criou  o primeiro clube naturalista brasileiro na Ilha do Sol, no Rio de Janeiro, com registro internacional e muitos adeptos.

“Um nudista é uma pessoa que acredita que a indumentária não é necessária à moralidade do corpo humano. Não concebe que o corpo humano tenha partes indecentes que se precisem esconder”.

Luz Del Fuego

Luz Del Fuego escreveu dois livros, Tragico Black-Out (1942) e a sua autobiografia  “A verdade nua e crua” (1950), obra retirada pelas autoridades das livrarias, compradas e queimadas pela família, mas que foi vendida por reembolso postal. Vítima de violência, foi assassinada em 17 de julho de 1967, aos 50 anos por dois homens que ela havia denunciado à polícia por ações criminosas na região da Ilha do Sol, onde a artista morava.

Luz Del Fuego escreveu dois livros, incluindo uma autobiografia / Crédito: Jean Manzon para Revista O Cruzeiro, 1945