Firminas indica: nove publicações com vozes de mulheres

1 – Poesia com linguagem audiovisual

Em cinco capítulos, Maria Clara Escobar cruza, observa e dialoga com mulheres. A autora carioca – que também é cineasta e roteirista – busca na obra “Zonas de Guerra” levantar e enfrentar o que seriam possíveis zonas de guerra na vida de uma brasileira. Em seu terceiro livro, a escritora coloca suas próprias relações e questiona: como é que poderíamos nos apropriar da violência e fazê-la instrumento de transformação e de poesia? Dessa forma, mergulha em uma profunda investigação do mundo e de si mesma, sem perder o bom humor.

A jornalista Rosane Borges fez o prefácio e a orelha é assinada pela poeta e dramaturga Carla Kinzo. Maria Clara reúne poemas escritos durante quatro anos e outros feitos especialmente para o livro. Sua poesia revela uma formação audiovisual que se concilia com a sua escrita. Segundo a autora, sua produção poética parte mais de “reverências” do que propriamente de “referências”. Admira Audre Lorde, Marguerite Duras, Wislawa Szymborska, Angélica Freitas, Ana Martins Marques, Lubi Prates, Kika Senna, Eliana N´Zualo, entre outres.

Sobre a autora: Maria Clara Escobar é poeta e cineasta. Escreveu e realizou o filme “Desterro” (2020), com estreia na Tiger Competition do Festival Internacional de Rotterdam, na Holanda, e lançamento nas salas e na Netflix mundial em 2022. Realizou o documentário “Os Dias Com Ele” (2014), no qual investiga a vida de seu pai, torturado pela ditadura militar. Escreveu e dirigiu curtas-metragens: “Domingo” selecionado para o ciclo de escolas do Festival de San Sebastián, e “Passeio de Família”. Foi corroteirista e diretora assistente da longa-metragem “Histórias Que Só Existem Quando Lembradas”, de Julia Murat, que ganhou mais de 30 prêmios. É autora também dos livros “Medo, Medo, Medo” – Nosotros, Editorial (2019) e “Um Novo Mar Dentro de Mim” – Ed. Quelônio (2021). Instagram: @mariacescobar

Firminas indica: nove publicações com vozes de mulheres
  • Ficha Técnica:
  • “Zonas de Guerra”
  • Maria Clara Escobar
  • Editora: Nosotros, Editorial
  • 104 páginas

2 – Memória de pioneiras na aviação brasileira

A doutora em Antropologia Carolina Castellitti usou sua tese de doutorado como base para a obra “Anfitriãs do Céu: Carreira, Crise e Desilusão a Bordo da Varig”, Editora Telha. O livro traz depoimentos de mulheres que optaram por fugir do formato de família tradicional (para elas, mãe e esposa) e criaram seus próprios modelos e histórias de vida. As conhecidas “aeromoças” viajavam pelos cinco continentes, conheciam pessoas de diferentes nacionalidades e culturas, podiam acordar em um fuso horário e dormir em outro.

Há três pilares na obra: a origem social da aeromoça e sua trajetória até a escolha pela vida regada a jet lag e liberdade; a formação de carreira de comissária, considerando-se as exigências de disciplina, hierarquia, etiqueta e refinamento que o posto exige; e, por fim, a reconstituição da reprodução social após o declínio da profissão, juntamente com a companhia aérea símbolo do Brasil.

Carolina Castellitti fala das carreiras femininas na direção de um enriquecimento prático e analítico sobre um drama coletivo de grande expressividade. A obra exemplifica, a partir das comissárias de bordo, o processo pelo qual as mulheres passaram – e muitas ainda vivem – na reinvenção de seus papéis perante a sociedade e sempre que precisam dar grandes guinadas em seus caminhos.

Sobre a autora:

Carolina Castellitti é doutora em Antropologia Social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nascida em Santa Fe, Argentina, se graduou em Sociologia pela Universidad Nacional del Litoral. Foi consultora, atleta e professora, e hoje é bolsista de pós-doutorado “Nota 10” da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).

Firminas indica: nove publicações com vozes de mulheres
  • Ficha Técnica:
  • Anfitriãs do Céu
  • Carolina Castellitti
  • Editora Telha
  • 276 páginas

3 – Sonhos na infância e grandes mulheres

Personagens famosos são o tema da coleção infantil “Gente pequena, Grandes Sonhos”, que traz livros que retratam mulheres marcantes na história do mundo como Frida Kahlo, Anne Frank, Madre Teresa, Mary Shelley, Rosa Parks, Coco Chanel e Marie Curie. Os títulos ilustrados mostram como todas elas já foram crianças. “É importante que as crianças tenham acesso às trajetórias de figuras femininas que mudaram a história a partir de suas vidas e de seus sonhos. Os livros cumprem um papel fundamental nesse processo e os pequenos podem se inspirar”, explica Carmen Pareras, diretora da Editora Catapulta no Brasil.

Firminas indica: nove publicações com vozes de mulheres
  • Ficha Técnica:
  • Coleção Gente Pequena, Grandes Sonhos: Frida Kahlo, Anne Frank, Madre Teresa, Mary Shelley, Rosa Parks, Coco Chanel e Marie Curie
  • Editora Catapulta
  • 32 páginas
  • Recomendado para crianças a partir de 4 anos

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4 – Jogo e livro Mulheres Mudando o Mundo nas Ciências

Cinco anos após a primeira versão do baralho feminista “Mulheres e Seus Poderes de Transformação”, as autoras Ana Rita Mayer e Lia Kehl apresentam o jogo acompanhado de livro “Mulheres Mudando o Mundo nas Ciências”, com 32 cartas de mulheres cientistas e suas qualidades. A proposta é dar visibilidade à diversidade nas ciências, trazendo mulheres negras, indígenas, LGBTQIA+, de vários países e contextos históricos, para inspirar meninas a vivenciarem todo seu potencial, com a segurança de que podem ocupar o lugar que quiserem. O jogo traz sugestões de atividades para sala de aula, e pode ser adaptado a diversos contextos.

O livro traz uma série de questionamentos sobre o conceito de ciência e propõe debates sobre temas como questões de gênero, étnico-raciais, decolonialidade, entre outros. Cada biografia tem um breve glossário com palavras-chave das pesquisas de cada cientista.

Sobre as autoras:

Ana Rita Mayer é cientista social, educadora e arteterapeuta.

Lia Kehl é bióloga, mestre em Educação Científica e Tecnológica pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e aromaterapeuta.

Firminas indica: nove publicações com vozes de mulheres
  • Ficha Técnica:
  • Mulheres Mudando o Mundo nas Ciências
  • Ana Rita Mayer e Lia Kehl
  • Lagarta Criações

5 – Gordofobia em série – Peso emocional X Peso quilo

O livro “Temporada 1”, da autora Vanessa Sap, traz uma questão universal: o peso do seu peso pesa? A ficção se passa no Centro de Emagrecimento Ingatori, durante a derrota da Seleção Brasileira para a Alemanha, nas semifinais da Copa do Mundo de 2014. No momento da goleada alemã de 7X1, um assassinato na clínica acontece e assim começa o mistério, pois todos que estavam presentes têm motivos e “pesos” para cometer o crime.

“Quem é o assassino?” O mistério vai render várias “temporadas”. A autora usa o formato de série com suspense que segue no próximo volume, em uma viagem literária com trilha sonora. Cada capítulo conta uma história com “música- título”. A playlist, com código do Spotify, está nas primeiras páginas e contém estilos variados. Rimsky-Korsakov, Billy Holiday, além de Jimmy Cliff, Madonna, Amy Winehouse, Jimi Hendrix, Mercedes Sosa, Metallica, Noel Rosa, Edith Piaf, Sidney Magal e muitos outros dão vida aos dramas dos personagens.

Firminas indica: nove publicações com vozes de mulheres
  • Ficha Técnica:
  • Temporada 1
  • Vanessa Sap
  • ‎Editora Labrador
  • 132 páginas

6 – Descoberta da sexualidade e o amor entre mulheres

Em “Camille & Camila: Amor entre Meninas”, a escritora Bella Prudencio retrata as frustrações e alegrias das pessoas LGBTQIA+ durante uma jornada de autoconhecimento de forma autêntica e sensível, em uma história de amor entre duas mulheres de personalidades marcantes. A autora escancara tópicos essenciais como os cuidados com a saúde mental, o enfrentamento dos preconceitos e o dilema da busca por aceitação, interna e externa.

Escrito sob o olhar feminino, “Camille & Camila” retrata o amor lésbico e propõe discussões. Mulher bissexual, diagnosticada com depressão crônica, Bella Prudencio revisita suas próprias experiências para dar vida às personagens.

Sobre a autora:

Bella Prudencio tem 24 anos, é escritora e natural do interior do Rio de Janeiro. Em 2015, lançou seu primeiro livro “Sebastian” e alcançou a lista dos mais vendidos da Amazon. Em 2017, apresentou o livro físico “Clube dos Suicidas” na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, esgotando todos os exemplares. É uma das primeiras brasileiras a incluir obras em formato de áudio no catálogo do Spotify. Também integra o time de autores da produtora dinamarquesa de audiolivros Saga Egmont.

Firminas indica: nove publicações com vozes de mulheres
  • Ficha técnica:
  • Camille & Camila: Amor entre Meninas
  • Bella Prudencio
  • Editora Flyve
  • 190 páginas

7 – Experiência literária multimídia une música, leitura e imagem

Em “Nácar Madrigais”, a poeta e artista visual Adriana Oliveira apresenta enredo ficcional, materializado por meio de haicais e microcontos. A autora traz à tona a estreita e eterna relação entre música e poesia. Com uma narrativa não linear, conta a história de Butterfly, jovem em busca do amor que viveu experiências afetivas malsucedidas. Com a ajuda de Blue, figura imaginária e espécie de oráculo, ela encontra o Poeta Gentil, sua alma gêmea. Nos entremeios da ficção, Butterfly contracena com Dark T., representação dos difíceis relacionamentos de sua trajetória.

A palavra “Nácar”, que dá nome à obra, refere-se a uma substância calcária branca ou rosada que constitui a camada interna das conchas de diversos moluscos, e foi utilizada como metáfora da preciosidade do encontro amoroso. Já “Madrigal” é uma composição poética musicada, e se refere à delicadeza dos galanteios presentes na história.

Sobre a autora:

Adriana Oliveira é poeta, escritora, artista visual e professora universitária. Atualmente leciona na UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora). Trabalha no trânsito entre texto e imagem transpondo, intersemioticamente, de um código para outro. Paulistana, reside em Juiz de Fora desde 2011. É mestre e doutora em Comunicação e Semiótica pelo Programa de Comunicação e Semiótica da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo e bacharel em Artes Plásticas pelo IA (Instituto de Artes) da Unesp (Universidade Estadual Paulista).

  • Ficha Técnica:
  • Nácar Madrigais
  • Adriana Oliveira
  • 60 páginas
  • Selo Independente

8 – Ousadia e emancipação feminina no Brasil da Belle Époque

Délia foi o pseudônimo escolhido pela romancista e jornalista Maria Benedita Bormann para exceder o fardo da submissão da sociedade patriarcal do século 19. Em sua obra “Lésbia”, a gaúcha radicada no Rio de Janeiro da vibrante Belle Époque escreveu as aventuras e desventuras de Arabela, jovem com educação requintada e grande sensibilidade que supera o casamento marcado pela repressão e humilhação com sua habilidade e sucesso como escritora, tornando-se objeto da obsessão de muitos homens. Uma publicação luxuosa, revisada e atualizada pela Editora 106.

O romance, que conta com a preciosa contribuição da doutora em Estudos Literários pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Maria do Rosário A. Pereira, referência em pesquisas sobre a literatura brasileira, é repleto de provocações impensáveis para sua época. Como um certo espelho da vida de Bormann (ou Délia, pseudônimo que escolheu), mulher autocentrada, culta, bela, segura de si e com toques de ironia, “Lésbia” revela que os problemas enfrentados pela protagonista, como o machismo estrutural, ainda se estenderiam por mais de um século. Bormann antecipou discussões importantes como o empoderamento feminino, o abuso doméstico, o desejo da mulher e a depressão.

Sobre a autora:

Nascida em Porto Alegre a 25 de novembro de 1853, Maria Benedita Bormann era filha de um funcionário público do Brasil imperial e descendente de nobres da região de Pelotas (RS). Escreveu crônicas e folhetins para periódicos de prestígio, como a arrojada “Gazeta de Notícias” e a subversiva “Gazeta da Tarde”, além de “O País” e “O Cruzeiro”. Mesmo com as reservas próprias da cultura de sua época, tratava de temáticas consideradas temerárias, como educação e emancipação da mulher, divórcio e críticas à suposta supremacia masculina. Assinando com o pseudônimo “Délia”, Bormann teve quatro romances e dois livros de contos publicados em vida. Foi casada com o militar e político José Bernardino Bormann, homem igualmente culto, e faleceu em 1895, no Rio de Janeiro.

  • Ficha Técnica:
  • Lésbia – Edição revista e atualizada
  • Maria Benedita Bormann (Délia)
  • Selo 106 Clássicos
  • 174 páginas

9 – Pandemia e isolamento em versos

Isolada em seu apartamento no bairro Sumaré, em São Paulo, a jornalista e escritora belo-horizontina Sabrina Abreu escreveu versos que se tornaram um diário visual da quarentena, compartilhado no Instagram como #notasisoladas. O conteúdo se tornou o livro “Parece pausa, mas é travessia”, lançado pela Editora Gulliver. Compilando 150 dos quase 400 poemas publicados, a edição não traz frases inéditas, mas a forma com que foram organizados cria uma narrativa sobre dois momentos experienciados por Sabrina em isolamento social.

A primeira parte “Parece pausa, mas é travessia”, que dá nome à obra, é concentrada no estranhamento dos meses iniciais da quarentena, ironias do novo cotidiano e reflexões sobre o desencanto com a política. A segunda, “Nós vamos dançar de novo”, reúne as notas que encontram também beleza e esperança naquele período. O projeto gráfico é inspirado nas imagens criadas por Sabrina, em releituras da artista e designer Beatriz Albernaz, que assina também a capa e as ilustrações do livro.

Sobre a autora:

Sabrina Abreu é jornalista e escritora nascida em Belo Horizonte. Tem seis livros publicados, entre os quais a grande reportagem “A Voz do Alemão” (editora nVersos, 2013), escrito em parceria com o jornalista comunitário carioca Rene Silva, e o romance “O Último Kibutz” (Simonsen, 2017). “Parece Pausa, mas é travessia” é sua estreia em verso. Desde 2016, vive em São Paulo.

  • Ficha técnica:
  • “Parece pausa, mas é travessia”
  • Sabrina Abreu
  • Editora Gulliver
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