Mulheres que inspiram: Ingrid Silva muda as cores do balé

Bailarina brasileira negra tem reconhecimento internacional, luta por justiça social e quer incentivar as novas gerações

Carioca, nascida em comunidade na Zona Norte do Rio de Janeiro, Ingrid Silva, aos 33 anos, é bailarina do Dance Theatre of Harlem, em Nova York / Crédito: Redes sociais

Carioca, nascida em comunidade na Zona Norte do Rio de Janeiro, Ingrid Silva, aos 33 anos, é bailarina do Dance Theatre of Harlem, em Nova York. Artista renomada, já estrelou campanhas para marcas mundiais como Nike, Dove, Facebook, Activia e Animale. Recentemente a grife francesa Dior a anunciou como nova embaixadora da linha esportiva “Dior Vibe“.

Ingrid começou ainda criança no balé, aos oito anos, na escola Dançando Para Não Dançar, projeto social idealizado pela bailarina e professora Thereza Aguilar, em 1995, e que está presente em diversas comunidades do Rio de Janeiro. Depois estudou na Escola de Dança Maria Olenewa, no Centro de Movimento Debora Colker, e integrou o Grupo Corpo.

Em 2007, conquistou uma bolsa para o Dance Theatre of Harlem School, enfrentou dificuldades financeiras e por não saber a língua inglesa, mas persistiu. Na sequência, entrou para o Dance Theatre of Harlem’s Dancing Through Barries Ensemble em 2008, e em 2013 se juntou ao Dance Theatre Company.

Em 2007, conquistou uma bolsa para o Dance Theatre of Harlem School, enfrentou dificuldades financeiras e por não saber a língua inglesa, mas persistiu / Crédito: Redes sociais

A marca da sapatilha pintada

Durante 11 anos tingiu as tradicionais sapatilhas cor de rosa para que ficassem do tom da sua pele, até conseguir que as fabricassem sob medida para ela. O feito foi uma revolução no mercado, consagrando a inclusão. Em 2021, sua sapatilha de ponta pintada à mão, que usou entre 2013-2014, passou a ficar no Smithsonian National Museum of African American History & Culture, em Washington D.C.

Humanitarismo, feminismo e antirracismo

Em 2018, Ingrid foi convidada pelas Organizações das Nações Unidas (ONU) para discursar no Social Good Summit, dividindo o palco com Padma Lakshmi e Achim Steiner.

Durante a pandemia, participou dos protestos “Black Lives Matter” e do “The Call”, um projeto social de denúncia racial nos Estados Unidos, que mostra a desigualdade no sistema de saúde por meio do atendimento das chamadas telefônicas de emergência e indicações de procedimentos diferentes.

Ingrid é co-fundadora do “Blacks in Ballet”, biblioteca digital que dá espaço para que bailarinos negros pelo mundo possam compartilhar suas histórias / Crédito: Redes sociais

Em 2021, palestrou no fechamento na 14ª Conferência de Empoderamento e Desenvolvimento de Mulheres Latino-Americanas (LEAD Conference), promovida pela Universidade de Harvard. Também participou como conferencista do Cannes Lions. 

Muito da sua vivência e dificuldades é contada na autobiografia “A Sapatilha Que Mudou Meu Mundo”, publicada pela Globo Livros. Além de uma trajetória inspiradora, busca promover mudanças por meio de projetos como “EmpoweHer New York”. É co-fundadora do “Blacks in Ballet“, biblioteca digital que dá espaço para que bailarinos negros pelo mundo possam compartilhar suas histórias.

No desfile da Escola de Samba Salgueiro, na noite de sábado, 23 de abril, Ingrid foi a estrela da comissão de frente. Ela representou a primeira bailarina negra do Teatro Municipal do Rio: Mercedes Baptista (1921-2014).