Deputada vê cortina de fumaça em situação que provocou processo disciplinar no PTB

A deputada Luisa Canziani (PTB-PR), relatora do projeto de lei sobre homeschooling no Congresso, praticamente não falou após o ocorrido em reunião recente com o ministro da Educação, Milton Ribeiro. Procurada pela redação do Portal Firminas, a assessoria da deputada limitou-se a enviar a nota divulgada à imprensa para conhecimento.

O fato é que, no dia 16 desse mês, Luisa estava em reunião junto a outros parlamentares, tratando com o ministro a respeito do PL da educação domiciliar. Ela carregava consigo um equipamento do programa “Profissão Repórter”, da Rede Globo, que vinha acompanhando sua atuação. A deputada ressalta que informou previamente ao secretário-executivo do MEC sobre o microfone e que não gravou nenhum trecho da reunião.

Foto cedida pela Assessoria da deputada federal Luísa Canziani

Ainda no início dos diálogos, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) começou a gravar a reunião e, em vídeo publicado em seu Instagram, questiona se Luísa estava transmitindo o encontro. A parlamentar nega, mas o deputado insiste, em postura autoritária, levantando-se e prosseguindo com seus questionamentos, de forma claramente intimidadora.

Eduardo Bolsonaro, que saiu da reunião encerrando o encontro, é filho do presidente Jair Bolsonaro, que frequentemente é visto atacando verbalmente mulheres na imprensa brasileira. O mesmo comportamento de ambos tem sido verificado frequentemente em relação às mulheres. Dessa vez, Luisa Canziani, uma jovem deputada federal de 25 anos, em sua atuação parlamentar, foi a vítima das intimidações.

Cortina de fumaça

Em sua defesa, a nota de Luisa afirma: “não gravei e nem gravaria reunião alguma sem qualquer tipo de permissão! Quem me acompanha sabe que tenho uma trajetória de muito RESPEITO aos meus colegas. Sou do diálogo e as minhas coisas são feitas sempre às claras”.

“O ‘Profissão Repórter’ está me acompanhando para um programa especial sobre a regulamentação do homeschooling. Por isso, o microfone tem ficado comigo ao longo dos dias. O secretário-executivo do MEC foi avisado previamente (e ele testemunhou isso na reunião, explicando que eu não estava gravando, em minha defesa)”, diz outro trecho.

Para concluir, a deputada afirma que não sabe “a quem interessa essa cortina de fumaça”. “Sou deputada federal, não menina de recados. E eu lamento profundamente ser acusada de maneira tão injusta. Mas sigo com a minha consciência absolutamente tranquila e trabalhando pelo melhor pela democracia brasileira”, conclui.

A deputada está passando por um processo disciplinar que pede a sua expulsão do partido que a elegeu e deverá durar 60 dias, de acordo com prazo regimental do PTB. Ela não perderá o mandato, mas já estuda uma nova legenda para se filiar.