Jornalismo em sintonia com a mulher atual

Taty Valéria, do portal Paraíba Feminina, fala sobre as mudanças nas pautas direcionadas ao mundo feminino

O novo jornalismo feminino foge do estereótipo de matérias sobre moda, beleza, maneiras de agradar o homem na cama, para aquelas realmente voltadas à realidade da mulher brasileira. Foto: Freepik

“Coragem e luta são adjetivos femininos e isso não é por acaso”. A frase que reflete tão bem a força da mulher é da jornalista Taty Valéria, do portal Paraíba Feminina, que conversou em uma live com Elara Leite, do Firminas, sobre as mudanças na abordagem dos assuntos femininos e a importância do jornalismo independente no momento atual.

A ideia de criar um portal voltado ao universo feminino surgiu para Taty ainda na faculdade. “Saí da minha bolha do feminismo branco neoliberal e fui estudar em uma universidade pública noturna, onde conheci vivências e histórias diferentes das minhas. Foi ali que pensei em trabalhar com um jornalismo diferente, que saísse das matérias sobre moda, beleza, 100 vezes de agradar seu homem na cama, para aquelas realmente voltadas à realidade da mulher brasileira”, conta.

O objetivo se tornou mais forte em 2013, quando Taty se viu atacada fortemente em uma rede social após se posicionar contra comentários machistas e violentos de um famoso apresentador de um programa de rádio em João Pessoa, onde estava morando. “Quase fui demitida, pessoas me ameaçavam, tive de desativar meu perfil da rede social… Percebi que era cada vez mais necessário um jornalismo que não normalizasse os assédios, as violências e o machismo que sofremos cotidianamente.”

E assim em 2019 surgiu o Paraíba Feminina, que também está no Instagram e hoje tem cerca de 10 mil seguidores. O caminho não foi e ainda não é fácil, porque Taty é responsável por boa parte do trabalho para manter o site atualizado. “Apesar das dificuldades para mim é muito gratificante quando uma mulher me manda mensagem e diz que eu pude ajudá-la de alguma maneira. Muitas não têm voz, e enquanto mulher preciso fazer alguma coisa por elas”.

Patriarcado impede o aumento de mulheres na política

O interesse por assuntos que fogem do estereótipo da leitora comum não é abstrato. Na pesquisa feita pelo Firminas sobre assuntos que interessariam ao seu público, os temas mais citados foram política, saúde da mulher e serviços e cidadania. Taty observa que infelizmente a sociedade patriarcal impede a mulher não apenas de concorrer a cargos políticos, mas também se participar de eventos do gênero que podem lhe trazer mais aprendizado sobre o assunto. “Muitas não têm uma estrutura que as permite estar ativamente no meio político. Mas temos visto agora no jornalismo feminista muitas mulheres falando de política. Poderia termos mais, claro, e meu sonho é que daqui a uns 30 anos sejamos maioria na comunicação.”

Financiamento coletivo promove independência

Os portais Paraíba Feminina e Firminas surgiram de iniciativas de mulheres determinadas a fazerem um jornalismo independente, e para isso contam com a colaboração de apoiadores. Ambos estão com campanhas no Apoia.se, uma plataforma destinada ao financiamento coletivo de atividades vinculadas a ações criativas, recreativas, empreendedoras, de cunho social, ambiental ou educacional.

No caso do Firminas são vários os valores para colaborar, e há recompensas para cada um deles, que variam desde a participação em um grupo exclusivo do portal no Facebook a acesso a e-books sobre assessoria de imprensa e gerenciamento de crise, entre outras. Para apoiar o trabalho do Firminas e fazer parte dos nossos colaboradores, é só acessar o site https://apoia.se/firminas.

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